Pai desenvolve aplicativo para monitorar e reduzir o tempo de tela do filho

Uma das principais dores dos pais e tutores é organizar com as crianças e adolescentes
o tempo de uso da internet em casa. Foi desse desafio que nasceu o CodeWall, uma
solução que possibilita diversas ações de gerenciamento e controle do uso da internet
por meio de um app.

Criado por Heitor Cunha, CEO da CodeBit, empresa especializada em tecnologia de
desenvolvimento e infraestrutura em nuvem, o aplicativo, que funciona em conjunto
com um roteador instalado em casa, permite que membros da família consigam
ajustar o tempo de uso da internet, criar rotinas de uso saudável, monitorar o que vem
sendo acessado e gerenciar acessos de forma segura, simples e eficiente.

Impondo limites

Depois de ver seu próprio filho de 10 anos se tornar mais impaciente e menos criativo
por conta do uso da internet, ele decidiu que algo precisava ser feito. “Com a reflexão
que não há um controle de como a internet é consumida nas residências, além do fato
de que somos responsáveis pelo tráfego que ocorre nas nossas redes, surgiu a ideia de
criar uma solução capaz de resolver duas grandes dores: controlar o único serviço que
ainda não tinha um controle ativo na minha casa, a internet; e criar um local
centralizado que me permitisse de forma simples estabelecer controles e limites para
os dispositivos que meu filho utilizava”, destaca Heitor.

Guardião

Após um ano de desafios técnicos, Heitor e sua equipe de desenvolvedores
conseguiram criar o CodeWall, atendendo todas as expectativas e sendo um produto
capaz de funcionar como um guardião ou um filtro, permitindo ou liberando o tráfego
de cada dispositivo com base nas regras pré-estabelecidas.

“Quero que pais e mães que se preocupam de verdade com seus filhos, mas têm dificuldade de transformar essa preocupação em atitudes práticas e estruturadas, sejam capazes de proporcionar a eles um ambiente mais saudável e propício para desenvolverem habilidades excepcionais. A ideia é que toda a conexão de internet passe pelo dispositivo antes de chegar no modem da operadora”, ressalta.

Atualmente, existem diversos aplicativos de controle parental, mas o CEO da empresa
de tecnologia relatou que encontrou dificuldades como uma configuração complexa e
a necessidade de controlar cada dispositivo separadamente, o que também o motivou
para criar sua própria solução.

Perigos da tecnologia para crianças e adolescentes

Um estudo publicado recentemente pelo Journal of the American Medical
Association Pediatrics (JAMA), apontou a relação entre o tempo de tela (utilização de
tablets, celulares, computadores e TV) e o possível atraso no desenvolvimento infantil.
A pesquisa descobriu que as crianças de um ano expostas a mais tempo de tela em
relação às demais tiveram atrasos de 2 anos no desenvolvimento de habilidades
motoras, pessoais e sociais.

“Crianças são extremamente influenciadas pelos algoritmos, que muitas vezes disseminam mentiras, ideias estranhas ou facilitam comunicações indesejáveis. Comecei a ver isso com meu próprio filho. Talvez por estar dentro do universo tecnológico, pude observar com mais clareza os malefícios que o uso desenfreado

pode causar”, destaca Heitor.

Conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o excesso de atividades com
recursos tecnológicos podem gerar nas crianças distúrbios como questões
relacionadas à saúde mental (ansiedade e depressão), transtornos ligados ao déficit de
atenção e hiperatividade, sendo ainda prejudicial para a qualidade do sono e
alimentação, podendo gerar distúrbios do sono e transtornos alimentares,
sedentarismo, problemas como cyberbullying, questões visuais (miopia e síndrome
visual do computador), debilidade auditiva (perda por excesso de ruído) e postural.

A SBP recomenda adequar a exposição aos aparelhos tecnológicos conforme idades e
etapas de desenvolvimento da criança ou do adolescente, com especial atenção à
manutenção da saúde alimentar e do sono, aliado às práticas de atividades físicas.