Tendência: Mercado de cachaça continua aquecido no Brasil

A “água que passarinho não bebe”, a cachaça, deixou o antigo rótulo para trás, quando
culturalmente era tido como uma bebida barata e sem qualidade. A bebida feita da
fermentação e destilação do melaço proveniente da cana-de-açúcar, hoje é a segunda
bebida alcoólica mais consumida no Brasil, ficando atrás apenas da cerveja e ainda
ganhou o status de produto sofisticado. O processo de “premiunização” tem
transformado esse mercado, já que hoje é possível encontrar garrafas com preços que
ultrapassam a R$ 7 mil.

Entre os motivos que encarecem a cachaça está o tempo de envelhecimento nos
barris, produção em baixa escala feita por colecionadores, tipo de barril e madeira em
que é envelhecida. Os custos de produção elevados ao produtor aliados aos baixos
estoques de produção também refletem no alto valor da bebida.

Diferente das tradicionais cachaças industriais que é possível comprar por até R$ 10,
onde nota-se uma sensação de álcool mais elevado, a cachaça premium é muito
diferente, desde o aroma ao sabor, e ela não arranha a garganta.

Mercado promissor

Dados do Centro Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC), estima que existem cerca
de 40 mil produtores formais e informais, sendo 98% pequenos e microempresários
que geram 600 mil empregos diretos e indiretos. Os dados também apontam que há 4
mil marcas de cachaça no mercado nacional alocadas, principalmente, nos estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.

O número de estabelecimentos produtores de Cachaça e Aguardente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cresceu 4,14% de 2019 para 2020, passando de 1.131 para 1.086 registros.

Pindorama

A empresa Pindorama vem se consolidando como uma das grandes produtoras de
cachaça artesanal premium do Brasil. O trabalho da marca envolve todos os aspectos
da produção dessa bebida centenária, que tem ganhado cada vez mais espaço nas
prateleiras internacionais. A identidade visual da Pindorama, carregada de símbolos
brasileiros, busca ressignificar a cultura dos destilados e dá ênfase à preservação
ambiental e modelos de negócio com impacto social positivo.

A Pindorama acaba de lançar uma nova marca, intitulada Cobra Coral, que une a
qualidade do alambique da Fazenda das Palmas, sede da empresa, com lotes de
cachaça curados e adquiridos de outros alambiques do Brasil.

“A proposta da Cobra Coral é justamente de aplicar um modelo de produção de “blend”, bastante conhecido fora do Brasil, principalmente usado na produção de whisky escocês e japonês, onde os mestres destiladores buscam a dedo e combinam diferentes lotes, daquilo que há de melhor na indústria, para criar híbridos sensacionais e premiados mundialmente”, explica Rafael Daló, sócio e diretor criativo da marca.

A cachaça recebe o nome de Cobra Coral em homenagem à entidade indígena pré-
colombiana que foi assimilada pelas religiões de matriz africana ao longo da formação
do país, e que representa justamente a fusão de culturas para a criação de signos
ainda mais fortes. No rótulo da nova marca, vemos uma mulher segurando uma taça e
uma cobra e outros desenhos, com alusão ao empoderamento feminino e a
capacidade da natureza de curar todos os males. A garrafa de 600 ml é verde e dá um
toque retrô ao produto, que remete às cachaças mais tradicionais que datam de 1950,
e pode ser adquirida a partir de R$ 40 a garrafa.

Cachaça Cabaré

Produzida pelo Engenho Dom Tápparo, localizado em Mirassol/ SP, a Cachaça Cabaré
ganhou fama nacional, depois de ser lançada em 2015 em parceria pelos cantores
sertanejos Leonardo e Eduardo Costa, que na época tinha projeto musical com o
mesmo nome.

Os cantores “apadrinharam” a cachaça envelhecida por 15 anos em tonéis de carvalho
americano, e desde o seu lançamento teve recordes de vendas e projetou a Dom
Tápparo nacionalmente. Após as lives nas redes sociais, em 2020, a cachaça ganhou
ainda mais notoriedade e hoje é conhecida por todo o Brasil, inclusive em outros
países.